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quarta-feira, 17 de dezembro de 2025

Semana de Mobilização Nacional para Doação de Medula Óssea, até 21 de dezembro: um gesto que pode salvar vidas



Até
 21 de dezembro, o Brasil celebra a Semana de Mobilização Nacional para Doação de Medula Óssea, instituída pela Lei 11.930/2009. A data busca sensibilizar a população para a doação voluntária de medula óssea e incentivar o cadastramento de novos doadores, um ato de solidariedade que pode significar a chance de cura para muitas pessoas. 

Atualmente, o país conta com o Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME), que reúne mais de 6 milhões de doadores, fazendo do Brasil o terceiro maior banco de doadores em todo o mundo. Mesmo com esse número expressivo, a compatibilidade genética entre doador e receptor permanece rara, em geral, estima-se que apenas 1 em cada 100 mil pessoas fora da família será compatível para doação não aparentada. 

Nesse contexto, a Semana de Mobilização ganha importância especial. O momento é de alertar para a urgência de novos cadastros, para que mais pacientes com doenças graves da medula óssea como leucemias, linfomas e outras doenças hematológicas, possam ter acesso ao transplante que dá chance de recomeço. O Dr. Fernando Michielin Alves, hematologista do Instituto de Oncologia do Paraná - IOP, comenta que doar medula óssea é um gesto de empatia que vai além da doação de sangue, porque pode devolver a vida a quem luta contra doenças graves. “Cada novo doador registrado significa uma possível compatibilidade e para muitas famílias, essa compatibilidade é a esperança. Nesses dias da campanha, reforçamos a importância de se informar, se cadastrar e manter os dados atualizados. A solidariedade de hoje pode representar o milagre de amanhã.” 

O processo para se tornar doador de medula óssea pelo REDOME é simples, seguro e não invasivo. O primeiro passo é procurar um hemocentro credenciado em sua cidade e manifestar o interesse em se cadastrar como doador. No local, é realizada uma coleta de apenas um tubo de sangue, que será utilizado para identificar as características genéticas do voluntário. 

Para se cadastrar, é necessário ter entre 18 e 35 anos, estar em bom estado geral de saúde e não possuir doenças infecciosas transmissíveis, como HIV ou hepatite C. Também é fundamental apresentar um documento oficial com foto e manter os dados pessoais sempre atualizados, já que a compatibilidade pode surgir muitos anos após o cadastro. 

Após a coleta, as informações genéticas passam a integrar o banco de dados do REDOME e o nome do doador permanece ativo até os 60 anos de idade. Caso seja identificada compatibilidade com algum paciente, o doador é contatado para confirmar o interesse e realizar novos exames. A doação propriamente dita pode ocorrer por aférese, método semelhante à doação de plaquetas, ou pelo método tradicional, ambos realizados com acompanhamento médico e total segurança. 

O cadastro é um gesto simples, mas que pode representar a chance de cura para pessoas que aguardam por um transplante de medula óssea. 

Em 2024, o Brasil registrou um crescimento expressivo no número de novos doadores de medula óssea. Foram mais de 74 mil cadastros realizados no primeiro semestre, um aumento significativo em relação ao ano anterior. O dado evidencia que a solidariedade segue mobilizando a população e ampliando a rede de possíveis doadores no país. 

É importante destacar, no entanto, que a doação efetiva e a realização dos transplantes dependem da compatibilidade genética entre doador e receptor, além da disponibilidade do voluntário no momento da convocação. Por isso, ampliar o número de pessoas cadastradas e manter os dados atualizados no REDOME é fundamental para aumentar as chances de salvar vidas. 

Por isso, a Semana de Mobilização não deve ser apenas um momento simbólico, mas uma plataforma concreta de mobilização social. Atualizar dados, incentivar amigos e familiares, buscar hemocentros próximos, tudo isso pode fazer a diferença entre a vida e a esperança. O IOP reforça o convite: informe-se, cadastre-se, compartilhe essa causa. Um pequeno gesto pode significar muito para quem espera por uma segunda chance.

  

Grupo Med4U


IOP
https://iop.com.br


Dezembro Vermelho: 40 anos de resposta ao HIV e a revolução do tratamento da doença

Imagem de jcomp no Freepik
Especialista da Rede Mater Dei detalha como a terapia evoluiu do "coquetel" para um tratamento que garante a qualidade de vida dos pacientes

 

O Dezembro Vermelho de 2025 representa um marco histórico: a celebração dos 40 anos da resposta brasileira ao HIV/AIDS, reconhecida mundialmente pela força do SUS e, mais recentemente, pela eliminação da transmissão vertical (de mãe para filho) como problema de saúde pública. 

No entanto, o cenário traz um alerta renovado: o Brasil registrou cerca de 40 mil novos casos anuais de HIV nos últimos anos, segundo dados do Ministério da Saúde, e foi percebida uma mudança no perfil epidemiológico. Hoje, a faixa etária mais acometida está entre 20 e 29 anos. "São pessoas que se infectam muito precocemente e têm uma longa vida pela frente convivendo com uma condição crônica", explica Dr. Victor Castro Lima, infectologista da Rede Mater Dei de Saúde. Ele reforça que, embora homens que fazem sexo com homens (HSH) ainda sejam o grupo com maior incidência, "qualquer pessoa pode se infectar pelo HIV, independente do gênero ou orientação sexual". 

Para o especialista, os números refletem, em parte, uma desinformação combinada à "falsa sensação de segurança" proporcionada pelos tratamentos modernos disponíveis. "Apesar de termos medicamentos eficazes e avanços importantes no tratamento, nada substitui o uso do preservativo, a testagem periódica e a utilização de métodos de prevenção como PEP e PrEP. A informação correta ainda é nossa melhor ferramenta", afirma o especialista. 

Para combater o estigma que afasta as pessoas do diagnóstico, também é crucial atualizar a imagem que se tem do tratamento. O especialista da Rede Mater Dei lembra que, antigamente, o paciente precisava tomar vários comprimidos por dia e com muitos efeitos colaterais, o que controlava a infecção, tratando-se com o chamado “coquetel” – mas que comprometia sua qualidade de vida. Hoje, esse não é mais o padrão para o tratamento. 

"Desde aquela época surgiram novas drogas e novas classes de antirretrovirais com menos efeitos colaterais e uma evolução muito grande na posologia", explica Dr. Victor. Ele exemplifica que o esquema preferencial de início de tratamento no Brasil hoje consiste, muitas vezes, no uso de apenas dois comprimidos uma vez por dia. "Comparado a condições como hipertensão ou diabetes, o tratamento de primeira linha para o HIV hoje é, por vezes, menos complexo", completa. 

A estratégia de combate ao vírus também mudou, contando não só com a recomendação do uso do preservativo, mas também com a chamada "Prevenção Combinada". O Dr. Victor destaca duas ferramentas farmacológicas essenciais disponíveis: a PEP (Profilaxia Pós-Exposição) e a PrEP (Profilaxia Pré-Exposição). A PEP é uma medida de urgência para quem teve exposição sexual de risco ou acidente com material biológico, e deve ser iniciada em até 72 horas, com duração de 28 dias. Já a PrEP é o uso regular de medicação preventiva, indicado para pessoas com alto risco de exposição, como quem tem parceiros soropositivos ou múltiplas parcerias sexuais sem proteção. 

Outro pilar fundamental para desestigmatizar a doença é o conceito Indetectável = Intransmissível (I=I). "Hoje, nós não temos nenhum relato de caso na literatura científica mundial de que uma pessoa que esteja em tratamento antirretroviral regular e com carga viral indetectável transmita a doença", afirma o infectologista. Isso significa que o tratamento não apenas protege o indivíduo, mas quebra a cadeia de transmissão.
 

Importância do diagnóstico precoce 

Apesar de toda a tecnologia disponível, o diagnóstico tardio ainda é uma realidade preocupante, muitas vezes associada à vulnerabilidade social. Quando o paciente só procura ajuda após os sintomas aparecerem, o sistema imunológico já pode estar comprometido. 

"Todo mundo que já teve vida sexual deve fazer o teste pelo menos uma vez na vida, porque a infecção pode ser silenciosa. Quem tem atividades sexuais de forma regular deve ser testado periodicamente, conforme o risco", alerta o Dr. Victor. “Na Rede Mater Dei, acompanhamos pacientes de todas as idades e reforçamos que viver com HIV é possível, mas prevenir é sempre o melhor caminho. Testar, tratar e proteger são três pilares que precisam caminhar juntos."

 


Rede Mater Dei de Saúde

Minas Gerais: Hospital Mater Dei Santo Agostinho, Hospital Mater Dei Contorno, Hospital Mater Dei Betim-Contagem, Hospital Mater Dei Nova Lima, Hospital Mater Dei Santa Genoveva, CDI Imagem e Hospital Mater Dei Santa Clara.
Bahia: Hospital Mater Dei Salvador e Hospital Mater Dei Emec
Goiás: Hospital Mater Dei Goiânia

 

Excesso de tarefas de fim de ano pode causar dor e lesões no ombro

Carregar sacolas pesadas e preparar a decoração natalina sobrecarregam a articulação; Sociedade Brasileira de Cirurgia do Ombro e Cotovelo (SBCOC) orienta sobre cuidados 

 

Fim de ano é sinônimo de festas, compras e decorações, e a correria para cumprir todas as tarefas pode, literalmente, pesar nos ombros. Entre carregar sacolas pesadas de presentes e itens para a ceia, e pendurar os enfeites natalinos pela casa, quase ninguém percebe o quanto o ombro trabalha para acompanhar tudo isso, até que a dor aparece. A sobrecarga dos movimentos repetitivos, os esforços acima do habitual e até mesmo o simples ato de alcançar objetos em locais altos podem desencadear desconfortos que tiram o brilho desse período tão esperado. 

“O ombro é uma articulação complexa e a combinação de peso excessivo, repetição, postura incorreta e histórico de lesão aumenta bastante o risco”, fala o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Ombro e Cotovelo (SBCOC), Dr. Marcelo Campos. 

Além da dor inicial, uma situação emite sinal de alerta: quando o incômodo começa a limitar o movimento. Vestir uma roupa, erguer o braço ou até dormir de lado passa a ser um desafio. Esse é o momento de atentar-se à questão, pois o corpo está sinalizando que ultrapassou o limite. “Muitos problemas poderiam ser tratados de maneira mais fácil se as pessoas não ignorassem os primeiros sinais e procurassem um médico especializado antes que o quadro se agravasse”, ressalta Campos. 

Mesmo sentindo incômodo, muitas pessoas seguem com a rotina tentando dar conta de tudo, acreditando que a dor vai passar sozinha quando as festas acabarem. Na prática, isso costuma ter o efeito contrário: insistir no esforço pode prolongar a inflamação e tornar o tratamento mais demorado do que seria se a dor fosse cuidada no início. “Quando o paciente busca ajuda antes da dor se tornar incapacitante, o tratamento é mais simples e o retorno à rotina é muito mais rápido”, salienta.

 

Festas sem dor 

Para prevenir dor e lesões nos ombros durante as tarefas de fim de ano, o presidente da SBCOC lista algumas dicas simples, mas eficazes: 

- Ao carregar sacolas de compras ou presentes, procure distribuir o peso em cargas menores e alternar os braços para não sobrecarregar sempre o mesmo ombro. 

- Na hora de pendurar enfeites em locais altos, utilize escadas ou bancos firmes, evitando esticar excessivamente os braços ou se apoiar em móveis instáveis. 

- Fazer pequenas pausas durante as atividades e alongar ombros, braços e pescoço antes e depois das tarefas também ajuda a reduzir a fadiga muscular. 

“Cuidar dos ombros vai além de prevenir dor; significa manter a mobilidade e a independência. Pequenos cuidados hoje evitam problemas maiores amanhã. Assim, é possível aproveitar cada momento, inclusive nas festas de fim de ano, com segurança e conforto”, conclui o presidente da SBCOC.

  

Sociedade Brasileira de Cirurgia do Ombro e Cotovelo - SBCOC

 

O que é o assoalho pélvico e por que você deveria conhecê-lo melhor

Localizado na base da pelve, o assoalho pélvico forma uma espécie de “rede”
que sustenta o peso dos órgãos e garante estabilidade ao centro do corpo
 
Divulgação/Canva

Da adolescência à maturidade, alterações no assoalho pélvico podem impactar o bem-estar de mulheres e homens; por isso, compreender essa musculatura e reconhecer sintomas é parte importante do autocuidado 

 

O assoalho pélvico é uma estrutura muscular fundamental para o equilíbrio do corpo, mas ainda pouco conhecida pela maior parte da população. Formado por músculos, ligamentos e fáscias que sustentam órgãos como bexiga, útero e reto, ele atua diretamente no controle urinário e intestinal, na função sexual, na postura e até na respiração. Apesar disso, costuma ser lembrado apenas quando algo começa a funcionar mal - o que pode acontecer em qualquer fase da vida, da infância à terceira idade.

De acordo com a fisioterapeuta especialista em Saúde da Mulher, Dra. Daniella Leiros, compreender o papel dessa musculatura é essencial para prevenir e tratar desconfortos íntimos. “O assoalho pélvico é responsável por funções importantes do nosso corpo, como o controle urinário, o suporte dos órgãos e a vida sexual saudável”, explica.

 

Como funciona essa estrutura

Localizado na base da pelve, o assoalho pélvico forma uma espécie de “rede” que sustenta o peso dos órgãos e garante estabilidade ao centro do corpo. Ele se contrai e relaxa de forma coordenada, é flexível para permitir a continência, o esvaziamento vesical e intestinal e o conforto nas relações sexuais.

Quando essa musculatura enfraquece ou perde coordenação, surgem sinais de alerta como escape de urina ao tossir, dor pélvica, dificuldade para evacuar, sensação de peso na pelve ou desconforto íntimo durante o sexo ou exames ginecológicos. “Se você sente dor, dificuldade para usar absorventes ou desconforto em exames, isso é o corpo pedindo atenção”, orienta a fisioterapeuta.

 

Disfunções podem aparecer em todas as idades

Embora sejam mais discutidos na gestação, no pós-parto e no climatério, os problemas relacionados ao assoalho pélvico não têm idade para surgir. Adolescentes podem apresentar dores íntimas, posturais ou dificuldade com absorventes; mulheres jovens podem sentir incômodo nas relações; homens podem vivenciar dor pélvica crônica, alterações urinárias ou dificuldades após cirurgias de próstata. Segundo Daniella, no caso deles, não há motivo para sofrer em silêncio: “Muitas pessoas ainda sofrem caladas com sintomas que têm tratamento”.

 

Como identificar que algo não vai bem

Os sinais mais frequentes de problemas no assoalho pélvico incluem escapes de urina ao rir, tossir ou pular; dor durante ou após a relação sexual; pressão ou sensação de “peso” na pelve; dificuldade para segurar gases ou evacuar; dor íntima no uso de absorventes ou durante exames; dor pélvica crônica que afeta o bem-estar emocional, social e profissional.

A dor íntima, em especial, gera impacto amplo. “A dor não é apenas física. Ela afeta a autoestima, a rotina, a vida sexual e até o humor”, aponta a fisioterapeuta.

 

O papel da fisioterapia pélvica

A fisioterapia pélvica atua tanto na prevenção quanto na reabilitação. Pode fortalecer, relaxar, reorganizar ou melhorar a coordenação dos músculos conforme a necessidade de cada pessoa. Técnicas de fortalecimento, consciência corporal, automassagem, mobilidade, alongamento, respiração e relaxamento fazem parte do processo.

“O alívio começa com o cuidado certo. A fisioterapia ‘pélvica’ ajuda a reduzir a dor, melhorar a postura, fortalecer a musculatura e devolver qualidade de vida”, explica Daniella.

 

Prevenção é parte do autocuidado

Exercícios simples, feitos no dia a dia, podem melhorar o controle urinário, reduzir dores menstruais, aumentar a percepção corporal e até intensificar o prazer sexual. O conhecimento sobre essa região ajuda a romper tabus e identificar precocemente alterações que, quando tratadas a tempo, evitam complicações mais sérias.

“Dor não é normal. Ninguém precisa conviver com desconforto. A fisioterapia pélvica é um caminho seguro para recuperar bem-estar e autonomia em qualquer fase da vida”, finaliza a Dra. Daniella Leiros.

 

Acidentes nas estradas matam 16 pessoas por dia, no período de férias


 Reprodução 

Dados da Polícia Rodoviária Federal de dezembro de 2024 a janeiro de 2025 mostram que 1.050 pessoas perderam a vida nas rodovias; Sociedade Brasileira do Trauma Ortopédico chama atenção para a segurança viária

  

Fim de ano e férias escolares aumentam o tráfego nas rodovias brasileiras, transformando cada viagem em um risco real para motoristas e passageiros, especialmente quando distração, excesso de velocidade ou imprudência entram em cena. Dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF) mostram que os meses de dezembro e janeiro, tradicionalmente marcados por deslocamentos longos e maior movimento nas estradas, continuam entre os mais críticos para a segurança viária no país. 

Entre dezembro de 2024 e janeiro de 2025, as rodovias brasileiras registraram 16 mortes por dia, totalizando 1.050 óbitos. 

Em dezembro de 2024, foram 6.605 sinistros, dos quais 1.861 foram graves, resultando em 7.890 feridos e 632 mortes - um aumento de 14,7% em relação a dezembro de 2023. Janeiro de 2025 apresentou 5.526 acidentes, 1.505 graves, 6.913 feridos e 418 óbitos, mantendo a média diária de mortes em 13,5. 

Para efeito de comparação, no ano anterior, dezembro de 2023 registrou 6.617 sinistros, 1.863 graves, 7.997 feridos e 551 mortes (média de 17 mortes por dia), enquanto janeiro de 2024 contabilizou 5.757 sinistros, 1.604 graves, 7.126 feridos e 516 óbitos (média diária de 16 mortes). Mesmo com a leve queda no número total de ocorrências em janeiro, a gravidade dos acidentes permaneceu elevada, reforçando a necessidade de atenção redobrada nas estradas. 

Para o presidente da Sociedade Brasileira de Trauma Ortopédico (SBTO), Dr. Robinson Pires, as estatísticas refletem diretamente a realidade vivida nos hospitais durante o período de férias. “Os meses de dezembro e janeiro concentram o maior volume de atendimentos por acidentes de trânsito. Por trás desses dados, encontramos pacientes com fraturas múltiplas, traumas graves e sequelas que podem alterar a qualidade de vida para sempre. Cada sinistro grave não é apenas um número, é uma família impactada, é uma rotina interrompida”, ressalta. 

Entre as lesões de trânsito de maior complexidade, as mais comuns são as fraturas expostas, fraturas de fêmur e de pelve - muitas vezes associadas a lesões do acetábulo que exigem cirurgias longas e delicadas. “Também chegam pacientes com traumas de coluna, luxações acompanhadas de fraturas, lesões ligamentares graves e ferimentos em membros que podem resultar em limitações permanentes. Em casos mais severos, múltiplas lesões se combinam, configurando quadros de politrauma que demandam intervenção rápida e equipes multidisciplinares”, fala.

 

Álcool e direção 

A combinação álcool e direção é outro ponto grave. Em dezembro de 2023, a PRF lavrou 980 autos de infração nesse perfil. Em janeiro de 2024, o número chegou a 802; em dezembro do mesmo ano, 808 autuações e 629 em janeiro de 2025. 

“O fato de termos centenas de autuações por álcool ao volante todos os anos, justamente no período mais sensível, mostra que ainda há um longo caminho para mudar comportamentos. A combinação álcool e direção continua sendo uma das maiores ameaças à vida nas estradas”, salienta.

 

Transporte de crianças 

O transporte irregular de crianças é mais uma questão preocupante. Em dezembro de 2024, foram contabilizadas 2.648 multas por descumprimento do artigo 168 do Código de Trânsito Brasileiro, que obriga o uso de dispositivos de retenção infantil. Em janeiro, a PRF registrou 2.450 ocorrências, com São Paulo liderando as autuações (239) seguido pelo Rio Grande do Sul (232), Paraná (175), Bahia (170) e Santa Catarina (103). 

O uso correto da cadeirinha ou bebê conforto durante viagens em veículos ajuda a diminuir em 70% o risco de mortes de crianças em acidentes de trânsito, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). 

“Trabalhamos diariamente para salvar vidas, mas nada é tão poderoso quanto a prevenção. A cadeirinha é uma das formas mais eficazes de impedir que histórias terminem antes do tempo”, frisa o médico. “A medicina consegue tratar consequências, mas não devolve o que se perde em um acidente evitável. E o trânsito brasileiro ainda cobra um preço alto de quem ignora cuidados básicos”, conclui.

 

 Sociedade Brasileira de Trauma Ortopédico - TRAUMA

Sociedade Brasileira de Trauma Ortopédico - SBTO


Lilly lança ferramenta on-line para ajudar a identificar Mounjaro® falsificado

LillyScan permitirá que pacientes verifiquem se o número de série do medicamento corresponde a um produto original da Lilly, comercializado legalmente no Brasil 

 

A farmacêutica Eli Lilly do Brasil lançou uma ferramenta de verificação on-line (scan.lilly.com/br) que ajuda os pacientes a confirmarem a autenticidade do Mounjaro®, única tirzepatida aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o tratamento de diabetes tipo 2, para o controle crônico de peso e para apneia obstrutiva do sono. Ao escanear o QR Code localizado na embalagem do produto, o LillyScan pode determinar se o número de série é consistente com os medicamentos fabricados pela Lilly e vendidos oficialmente no Brasil. Versões falsificadas e manipuladas (sem testes de segurança) de Mounjaro® ou tirzepatida estão sendo anunciadas e vendidas em todo o Brasil, colocando a saúde dos pacientes em risco. 

O QR code está impresso em um fundo preto, ao lado do número
 do lote e da data de validade do medicamento.

 “A saúde e a segurança do paciente são a principal prioridade da Lilly, e o LillyScan é mais uma iniciativa para combater produtos irregulares que representam um risco real à saúde das pessoas”, afirma Luiz André Magno, Diretor Médico Sênior da Lilly Brasil. 

Além da verificação por meio do LillyScan, os pacientes devem ficar atentos a outros indicadores de que um produto anunciado como “Mounjaro” pode ser falsificado ou manipulado de forma irregular. Por exemplo, o QR Code deve estar claramente impresso e legível para permitir a verificação na ferramenta. Se o código estiver borrado ou ilegível (ou se não houver QR Code), isso pode indicar uma falsificação ou um problema com a integridade do produto. 

A Lilly reforça que quaisquer produtos comercializados apenas como “tirzepatida” (ao invés de Mounjaro®) não foram fabricados, estudados ou vendidos pela empresa e, portanto, não são aprovados pela Anvisa. Os pacientes precisam estar atentos ao adquirir produtos que não são aprovados pela agência reguladora, pois ao obtê-los de fontes não verificadas ou sem a prescrição de um profissional de saúde licenciado, eles podem estar comprando produtos falsos ou inseguros. 

Produtos falsificados e manipulados não são aprovados por nenhuma agência reguladora e podem não ser fabricados em um ambiente seguro e estéril. Esses produtos podem não conter o princípio ativo, conter o medicamento errado, dosagens incorretas, misturas de múltiplos ingredientes ou outras substâncias nocivas, como bactérias, endotoxinas e impurezas. O uso de produtos não testados pode resultar em graves problemas de saúde. 

Mounjaro® só deve ser comprado em farmácias licenciadas pela Anvisa. “Lembre-se, esse é um medicamento vendido sob prescrição, com retenção de receita, e só deve ser usado sob a orientação de um profissional de saúde”, enfatiza Magno.

 

Ações que educam e protegem 

Além do LillyScan, a empresa tem implementado outras iniciativas para conscientizar sobre os riscos de produtos manipulados, falsificados ou importados ilegalmente que alegam conter tirzepatida — muitos dos quais são anunciados ou vendidos nas redes sociais. 

Recentemente, a Lilly lançou a campanha “Desconfiar é Saudável”, que incentiva as pessoas a avaliarem criticamente as informações sobre saúde. Além disso, a companhia publicou uma carta aberta esclarecendo que os produtos à base de tirzepatida que não são da formulação original da Lilly: 

  • não passaram por nenhum tipo de estudo clínico;
  • não possuem eficácia e segurança comprovadas;
  • não são fabricados em ambiente seguro e estéril;
  • não são aprovados por agências reguladoras sérias como a Anvisa. 

Globalmente, a empresa ajudou a derrubar milhares de contas em redes sociais e sites que vendiam ilegalmente esses produtos. No Brasil, a Lilly atua em parceria com governos, agências reguladoras e autoridades policiais para garantir que os pacientes recebam apenas medicamentos originais e para apoiar investigações sobre possíveis falsificações, manipulações irregulares ou contrabando. 

Pacientes que tiverem dúvidas sobre a autenticidade de uma caneta de Mounjaro® podem entrar em contato com o Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) da Lilly pelo telefone 0800 701 0444 ou via WhatsApp: +55 11 5108-0101. 



Eli Lilly do Brasil   
Para saber mais, acesse o site da Lilly do Brasil
Instagram, Facebook e LinkedIn.  


Dezembro Laranja: chegada do verão reforça cuidados importantes com a pele

Câncer de Pele teve crescimento global, revela a revista Nature; só no Brasil, são mais de 185 mil novos casos por ano

 

Segundo estudo publicado na revista internacional Nature, no início deste ano, o câncer de pele teve um crescimento expressivo de maneira global. O artigo analisou dados de 1990 a 2021 de tumores melanoma e não-melanoma da doença e revelou que a doença cresce em índices globais de maneira preocupante. Só no Brasil, são mais de 185 mil novos casos de câncer de pele diagnosticados anualmente, de acordo com estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA). 

Com a chegada do verão, no último mês do ano, campanhas como o Dezembro Laranja de conscientização da prevenção e cuidado do câncer de pele ganham ainda mais importância na temporada de praias, viagens e férias. No entanto, nem todo tipo de câncer de pele é igual. Mais de 95% dos diagnósticos da doença são de câncer não melanoma: tipo de tumor maligno mais comum que representa 31,3% do total de casos de câncer do país. 

“O Carcinoma basocelular tem aspecto de ‘bolinha’ perolada e é o tipo mais comum. É como uma ferida que não cicatriza e pode sangrar. Já o Carcinoma espinocelular é uma lesão avermelhada, áspera, às vezes com crosta, e também bastante comum. Já o Melanoma é o tipo mais grave e geralmente aparece como uma pinta nova ou que muda de cor e formato”, explica a dermatologista da Casa de Saúde São José, Dra. Tricie Kobylko. 

O câncer de pele do tipo melanoma, apesar de representar 8,4 mil novos casos por ano, é uma doença extremamente agressiva e letal, sendo responsável por 4 em cada 10 mortes por tumores de pele, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO). A especialista recomenda a regra do ABCDE para a autoavaliação de pintas e manchas, observando os seguintes sinais que podem indicar melanoma:

  • Assimetria
  • Bordas irregulares
  • Cores variadas
  • Diâmetro maior que 6 mm
  • Evolução (mudanças rápidas)

Já em relação à prevenção do câncer de pele, é recomendado a todos o uso do protetor solar, com FPS mínimo de 30, além de chapéus, roupas com proteção UV e óculos. Outra medida importante é evitar exposição solar nos horários de maior incidência de raios ultravioleta (causadores do câncer de pele): “o ideal é preferir os banhos de sol antes das 10h e após as 16h”, recomenda a Dra. Tricie. 

“Pessoas de pele clara, imunossuprimidos, pacientes com histórico familiar ou pessoal de câncer de pele, além de pacientes diagnosticados com doenças genéticas, como xeroderma pigmentoso, têm que ter cuidado redobrado. O uso de bronzeadores artificiais e a exposição crônica ao sol também são fatores de risco que aumentam a chance do diagnóstico do câncer de pele”, conclui a dermatologista da Casa de Saúde São José.


Temporada de chuvas eleva risco de quedas e fraturas graves em idosos

As quedas são a segunda causa de óbito entre causas externas na população com mais de 60 anos 

 

Com o começo da temporada de chuvas no país, aumenta significativamente o risco de quedas entre a população idosa. Nesta época médicos apontam uma preocupante questão de saúde pública: as superfícies escorregadias, calçadas encharcadas e pisos irregulares tornam-se armadilhas para quem já tem redução de equilíbrio e fragilidade óssea. 

Segundo o Dr. Fábio Elói, cirurgião de quadril pela Sociedade Brasileira de Quadril (SBQ), especialista em ortopedia e traumatologia pela Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) e Oncologista Ortopedista pela Associação Brasileira de Oncologia Ortopédica (ABOO), as quedas representam um risco muito mais grave para pessoas idosas. 

“Além da maior fragilidade óssea, com maior propensão a fraturas, como as de quadril, o tempo de recuperação é mais longo e, muitas vezes, pode comprometer de forma definitiva a mobilidade, a independência e a qualidade de vida”, explica.

 

Quedas: uma causa importante de morte 

De acordo com dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), na faixa etária a partir de 60 anos, a queda é a segunda causa de óbito entre causas externas. Um estudo da Fiocruz aponta que, após hospitalização por fratura decorrente de queda, a mortalidade acumulada em um ano chega a 25,2%, em comparação a 4% em idosos sem fraturas graves. 

As fraturas de quadril e fêmur são especialmente graves, explica o dr. Fábio, pois muitas vezes exigem cirurgia. 

A cirurgia para fraturas de quadril ou fêmur é um procedimento de grande porte, que envolve riscos e um longo processo de recuperação. Além disso, a reabilitação exige cuidados multidisciplinares, com fisioterapia para restaurar a mobilidade, prevenir tromboses, infecções e outras complicações relacionadas à imobilidade prolongada.

 

Cirurgia: principais riscos e complicações 

As fraturas de quadril e fêmur em idosos geralmente exigem cirurgia de emergência, realizada idealmente nas primeiras 24 a 48 horas após a queda. Esse prazo reduz riscos de infecção, trombose, complicações cardíacas e mortalidade. 

O tipo de procedimento depende do local e da gravidade da fratura, e pode ser: 

Osteossíntese (fixação interna): indicada quando é possível reconstruir o osso, por meio da utilização de placas, parafusos ou hastes metálicas para estabilizar o fêmur e permitir a consolidação. É feita por meio de pequenas incisões e guiada por raio-X no centro cirúrgico. 

Artroplastia parcial ou total do quadril (prótese): recomendada em fraturas mais graves, especialmente no colo do fêmur, quando o suprimento sanguíneo da cabeça femoral está comprometido. Nestes casos, a prótese poderá ser parcial ou total. 

Após a cirurgia, o idoso precisa iniciar mobilização o mais cedo possível, mas isso nem sempre é simples. Dor intensa e limitação de movimentos dificultam o início da fisioterapia. No entanto, o risco de trombose, infecções, pneumonia e perda de massa muscular aumentam com o repouso prolongado. 

Por isso, o Dr. Fábio reforça que a prevenção da queda continua sendo a melhor estratégia para proteger a vida, a autonomia e a mobilidade da população idosa.

 

Prevenção como prioridade 

O Dr. Fábio sugere algumas medidas preventivas, que podem ajudar no dia a dia dentro e fora de casa. Confira: 

Adaptar o ambiente doméstico, com a instalação de corrimões, colocação de tapetes antiderrapantes e boa iluminação inclusive à noite em corredores e banheiros

Avaliação médica periódica e acompanhamento em casos de osteoporose ou fraqueza muscular

Exercícios regulares de equilíbrio e fortalecimento

Uso de calçados seguros e confortáveis

Atenção redobrada em superfícies molhadas


DANÇA: O QUE ELA FAZ PELO CÉREBRO?

A dança é muito mais do que uma atividade de lazer; é uma poderosa ferramenta de saúde física, emocional e social. Conforme a idade avança é fundamental manter o corpo ativo e a mente estimulada para preservar a autonomia, o bem-estar e a qualidade de vida. A dança reúne tudo isso de forma leve, prazerosa e profundamente humana.

 

Durante a dança, o cérebro ativa diferentes áreas importantes como o hipocampo (responsável pela memória e orientação espacial); córtex pré-frontal (responsável por tomada de decisões, foco e planejamento motor); gânglios da base e cerebelo (fundamentais para controle fino dos movimentos e equilíbrio) e o sistema límbico (ligado às emoções e ao prazer).

 

A dança estimula a neuroplasticidade (capacidade do cérebro de criar novas conexões) e a liberação de neurotransmissores, como dopamina, serotonina e endorfinas, substâncias que melhoram o humor, reduzem a ansiedade e fortalecem a sensação de bem-estar. 

 

Em idosos, isso é especialmente importante para manter a agilidade cognitiva, reduzir o declínio da memória, proteger contra doenças neurodegenerativas e a melhorar a velocidade de processamento mental. A combinação de música + movimento é uma das formas mais eficientes de ativar essas redes neurais.

 

Além disso, ajuda a quebrar a sensação de isolamento, tão comum nessa fase da vida, e cria uma conexão emocional poderosa com o corpo e com as memórias ligadas à música.

 

Uma dúvida comum: o que é melhor, dançar sozinho ou com alguém ou em grupo? Qualquer uma delas oferece benefícios com vantagens diferentes. Dançar sozinho permite a escolha do ritmo e da música, bem como explorar o corpo e os movimentos, favorece a autonomia e o autoconhecimento corporal e pode ser feita em casa, sempre que der vontade.

 

Por outro lado, dançar com outra pessoa gera sentimento de pertencimento, facilita a socialização e novas amizades, trabalha parceria, contato, confiança e cooperação e cria uma experiência coletiva que potencializa o bem-estar.

 

Além disso, participar de aulas ou grupos cria uma sensação profunda de pertencimento. O ritmo compartilhado faz com que todos se sintam parte de algo maior, como se a música criasse um laço invisível entre as pessoas.


Para obter benefícios físicos e mentais, recomenda-se a prática de dança por 1 hora entre 2 e 3 vezes por semana, pode iniciar 1 ou 2 vezes e aumentar gradualmente. O importante é respeitar seus limites e buscar um ritmo que seja agradável e que seja de sua preferência porque a dança deve ser sinônimo de alegria, não de obrigação.

 

Em resumo: a dança é uma intervenção poderosa, barata e acessível para a saúde na terceira idade. Ela melhora equilíbrio, memória, humor, atenção e ainda fortalece conexões sociais sendo um verdadeiro exercício para o corpo e para o cérebro.

 

Se você busca envelhecer com autonomia, clareza mental e qualidade de vida, dançar é um excelente caminho. A dança é uma intervenção poderosa, barata e acessível para a saúde. 




Dr. Kleber Duarte – Neurocirurgião - com quase 30 anos de experiência na área de neurocirurgia funcional e dor. Atualmente é coordenador do Serviço de Neurocirurgia para Saúde Suplementar e Neurocirurgia em Dor do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Tem amplo conhecimento e alta qualificação em técnicas cirúrgicas e de estereotaxia para tratamento de doenças que comprometem o sistema motor e em dores crônicas.
@drkleberduarte


A obrigação do plano de saúde a fornecer a bomba de insulina: garantias e direitos do paciente

Receber a negativa do plano de saúde para o fornecimento de uma bomba de insulina, ou de um sistema de infusão contínua de insulina, costuma ser um dos momentos mais delicados para quem convive com diabetes tipo 1 e para seus familiares. À frustração inicial somam-se a preocupação com os altos custos dessas tecnologias e o receio de prejuízos no controle da doença e na qualidade de vida. O que poucos sabem é que essa recusa, longe de encerrar o debate, frequentemente representa o primeiro passo para assegurar o tratamento por meio da Justiça. 

Do ponto de vista jurídico, a negativa formal do plano de saúde, ou do próprio SUS, é elemento essencial para o ajuizamento da ação. Ela comprova o descumprimento de uma obrigação contratual e legal, permitindo que o Judiciário examine o caso de forma objetiva. Sem esse documento, inclusive, muitos juízes sequer analisam o pedido. Por isso, diante de qualquer recusa, é fundamental exigir que ela seja apresentada por escrito e com justificativa detalhada, pois esse registro será a base do processo que busca o fornecimento da bomba de insulina. 

Entre os argumentos mais utilizados pelas operadoras está o de que a bomba de insulina seria excluída da cobertura por se tratar de medicamento de uso domiciliar. Essa tese, contudo, vem sendo reiteradamente rejeitada pelos tribunais, inclusive pelo Superior Tribunal de Justiça. A jurisprudência consolidou o entendimento de que a bomba de insulina não é medicamento nem órtese, mas um produto para a saúde. Essa distinção é decisiva, pois afasta cláusulas restritivas invocadas pelas operadoras e direciona a análise para o que realmente importa: a necessidade clínica do paciente e o fato de o equipamento possuir registro na Anvisa. O próprio STJ já reconheceu que o uso do sistema de infusão contínua de insulina beneficia não apenas o paciente, mas também a operadora, ao reduzir complicações graves e custos futuros decorrentes do mau controle da doença. 

Outro argumento recorrente é a ausência da bomba de insulina no rol de procedimentos da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Essa justificativa perdeu ainda mais força após a entrada em vigor da Lei nº 14.454/2022, que deixou expresso o caráter exemplificativo — e não taxativo — do rol. Na prática, ele funciona como um parâmetro mínimo de cobertura, não como um limite absoluto. A Justiça tem entendido que, havendo prescrição médica fundamentada, doença coberta pelo contrato e produto aprovado pela Anvisa, a cobertura é obrigatória. Negativas baseadas exclusivamente no rol costumam ser consideradas abusivas. 

Muitos pacientes deixam de buscar seus direitos por acreditarem que um processo judicial demoraria demais. Nas ações envolvendo saúde, porém, a realidade costuma ser outra. Com a documentação adequada, é possível requerer tutela de urgência, a chamada liminar. Em processos contra planos de saúde privados, não é incomum que decisões desse tipo sejam concedidas em poucos dias, determinando o fornecimento imediato da bomba de insulina. Mesmo nas demandas contra o SUS, há situações em que o equipamento é disponibilizado em prazos relativamente curtos. 

É importante, ainda, observar o tipo de plano contratado. Os planos de autogestão não se submetem ao Código de Defesa do Consumidor, conforme a Súmula 608 do STJ, o que exige análise mais cuidadosa do contrato e a adoção de estratégias jurídicas específicas para cada caso. 

A relevância do tema é tamanha que o Superior Tribunal de Justiça decidiu afetar a matéria ao Tema Repetitivo nº 1.316, cujo julgamento resultará em tese vinculante para todo o país. O posicionamento trará maior segurança jurídica sobre a obrigação de fornecimento de bombas de insulina e tecnologias semelhantes, com impacto direto na vida de milhares de pacientes. 

Diante desse cenário, a negativa do plano de saúde não deve ser encarada como o fim do caminho. Na maioria das vezes, ela marca o início de uma estratégia jurídica eficaz. O Judiciário brasileiro tem reconhecido, de forma consistente, o direito dos pacientes ao acesso a tecnologias essenciais para o tratamento do diabetes, priorizando a prescrição médica e a dignidade da pessoa humana. Buscar orientação jurídica especializada é o passo mais seguro para transformar uma recusa injusta em uma decisão favorável e, sobretudo, em mais saúde e qualidade de vida.

 

José dos Santos Santana Júnior - advogado especialista em Direito Empresarial e da Saúde e sócio do escritório Mariano Santana Sociedade de Advogados.

 

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